Joao Carvalho
Em 2017, foi comunicado pelos canais do Clube Atlético Mineiro que a empresa Multiplan iria adquirir 49,9% do Shopping Diamond Mall, shopping que pertence ao Atlético-MG. A venda, no valor de R$340 milhões, teria sido aprovada pelo Conselho do clube. O que especulava-se era de que o dinheiro faria uso na construção do novo estádio.
No entanto, não aconteceu a concretização do negócio. A gigante no ramo imobiliário (sobretudo em shopping centers) Multiplan, voltou atrás na sua decisão nesta última segunda-feira (2/1) em relação a compra do empreendimento. Sem o acerto e com a queda de arrecadação do fim de ano, o clube mineiro teve as finanças ainda mais prejudicadas.
A direção financeira do clube previa poder contar com pelo o menos R$340 milhões pela venda do Diamond. O que de fato, provocou preocupação por parte da diretoria e da torcida já que o valor não poderá mais ser considerado e realizado.
Sociedade Anônima do Futebol (SAF)
Outro ponto em análise que poderá ser impactado é sobre a SAF. Como o próprio nome já esclarece, é uma sociedade constituída na forma de uma Sociedade Anônima. Esse novo modelo de negócio e gestão, possibilitará a entrada de investidores no clube fortalecendo o seu capital.
O Atlético-MG possui um investidor com proposta não vinculante. Em um primeiro momento, nenhum patrimônio imóvel entra na negociação. E a tendência é que tanto o shopping quanto clubes sociais e a sede administrativa do clube, fiquem de fora dessa negociação.
Além disso, o comprador da SAF (que deve assumir a negociação em janeiro/fevereiro), já conta com alguns contras, uma vez que comprará ações de um clube no qual o processo de abatimento de boa parte das dívidas onerosas voltou próximo à estaca zero. A SAF e o Diamond agora são processos na responsabilidade do CEO do Galo, Bruno Muzzi, que também é CEO da Arena MRV.
Como os problemas econômicos afetam o Atlético-MG?
Os problemas econômicos impactam principalmente os pagamentos dos jogadores, que ainda não receberam parte dos salários. A informação é verídica, confirmada pelo diretor de futebol do Galo, Rodrigo Caetano, nesta quinta-feira (6/1). Não só há atrasos em relação ao 13º dos jogadores, quanto às férias e também nos direitos de imagem dos atletas
Na íntegra, quando questionado sobre os pagamentos e se os débitos estavam em dia, o diretor do Galo respondeu: “É com muito esforço, com muita engenharia financeira, com muita participação decisiva desse grupo (4R’s). Ainda não está tudo em dia. Tivemos e temos problemas por conta que no final de ano as receitas caem. A (queda de) arrecadação que já é um problema para nós, ela aumenta nesse período”.
O que são os “4R’s” do clube?
Os 4R’s, é um grupo de empresários na finalidade de investir no clube Atlético-MG. Formado por Renato Salvador, Ricardo Guimarães, Rafael Menin e Rubens Menin. Em 2019, o grupo que sempre atuou a favor dos interesses do Galo, passou a participar diretamente do dia a dia do clube. O então presidente Sérgio Sette Câmara, observando as dificuldades financeiras pelas quais o Galo passava, resolveu pedir ajuda a Rubens Menin, que convidou os outros integrantes a participarem do processo de recuperação do clube. E foi ao longo dos dois últimos anos, que o Atlético-MG contou com a participação direta de empresários parceiros para equilibrar as contas do clube.
Confira o que o diretor disse em entrevista à Rádio 98FM:
“A tranquilidade que todos nós temos durante esses dois anos que aqui estou é que tudo foi feito religiosamente em dia. Nós temos um problema que todos sabem que é a questão do Shopping que tinha esse dinheiro carimbado para isso. Temos dívidas com clubes, com muitos agentes, e o dinheiro era direcionado exclusivamente para diminuir essa dívida onerosa. A gente espera que isso seja solucionado. Agora, a questão do dia a dia era ou foi, e tenho certeza que vai continuar sendo rigorosamente em dia”.
Desde o início da primeira semana de janeiro, os holofotes se voltaram para a frustração da quebra de acordo com a Multiplan. Assim sendo, o Atlético contou com o valor da venda para o orçamento de 2023. Sem o acordo, o clube buscou uma nova forma para a venda de parte do shopping, examinando uma maneira de honrar a dívida onerosa, que gera quase R$100 milhões de custos/juros por ano. Essa dívida se encontra na casa dos R$600 milhões.
A Multiplan desistiu de “desistir” do Atlético- MG?
Sim, no último dia 05 de janeiro, a Multiplan (MULT3) propôs ao clube um novo acordo de 24,95% do shopping DiamondMall. Com a nova fatia, a operadora de shoppings elevará a sua participação no empreendimento a 75,05%. Isto é, um valor equivalente a R$170 milhões, onde R$68 milhões serão desembolsados à vista no fechamento do negócio. Diante disso, os R$102 milhões restantes deverão ser pagos em 12 parcelas mensais indexadas ao IPCA.
Projeções econômicas para o clube em 2023
Apesar do posicionamento da diretoria na mídia, o Atlético-MG ainda não divulgou as projeções para este ano. Entretanto, segundo os analistas de mercado, a operação pode ser positiva para a “MULT3” apesar de o negócio não representar uma mudança tão significativa para a empresa, uma vez que, corresponde a menos de 2% do valor de mercado da companhia.
