André Krizak, administrador de empresas, de apenas 48 anos, tomou uma decisão por volta de 16h do dia 11 de janeiro referente à empresa Americanas. Ou seja, poucas horas antes do comunicado do escândalo ser feito pelo novo executivo.
De fato, André estava decidido a fazer uma nova compra em sua carteira de ações de varejo na Bolsa de Valores brasileira. Para isso, ele escolheu a Americanas. Sendo assim, investiu boa parte de suas economias de anos de trabalho duro, ao todo foram mais de R$ 40 mil reias. O que ele não sabia naquele momento era que, naquele mesmo dia, um dos maiores escândalos contábeis do varejo brasileiro seria divulgado.
No dia em que o André investiu, as ações da varejista fecharam com o valor de R$12,00. Entretanto, no dia seguinte, após a divulgação do resultado, as ações foram para R$ 2,72 no fechamento.
“Eu estava animado com a chegada de Sergio Rial à Americanas”, disse Krizak em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. Ele é seguidor do Sergio Rial no Linkedin e sempre admirou o seu trabalho. Riel é ex-presidente do Santander Brasil e ex-presidente da Marfrig. Além disso, ele já foi um dos CEOs mais bem pagos do Brasil, segundo a revista Forbes. Portanto, a chegada de Sérgio animou o mercado
O que fica de lição?
Após o fato, o administrador — e todo o mercado financeiro do Brasil — tiveram um verdadeiro baque quando, três horas depois de fazer o investimento, viu o próprio Rial assinar um fato relevante que tornou pública a existência de R$ 20 bilhões em “inconsistências contábeis” na Americanas.
Foi neste mesmo anúncio que Rial renunciou à presidência e se apresentou como assessor dos acionistas de referência, os bilionários brasileiros fundadores do 3G Capital (Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira), que até o final de 2021 eram os controladores do negócio.
O que fica de lição nesse momento é: jamais coloque todos os ovos na mesma cesta. É um conselho antigo, mas as pessoas acabam se esquecendo na hora de investis. Pois, se empolgam, mesmo sabendo que o mercado financeiro é incerto.
O que vai ser da Americanas?
Nesta quinta-feira, 19, oito dias depois do anúncio do ex-CEO, a Americanas entrou em recuperação judicial com dívidas de R$ 43 bilhões, a quarta maior operação dessa natureza na história do Brasil. Assim sendo, a varejista só fica atrás da Odebrecht, Oi e Samarco.
“Me senti fraudado”, disse Krizak à Folha. “Comprei a ação por R$ 12 e agora ela vale menos de R$ 1, preço de bala. O tombo foi grande para mim. A Americanas fez o 11 de janeiro se transformar no meu 11 de setembro”, disse.