Para ter uma alimentação básica o trabalhador sem família desembolsa mais de um terço do salario mínimo. Entenda.
O salário mínimo previsto no artigo 7 º da Constituição Federal deve atender algumas necessidades explicitas do trabalhador e sua família, consideradas vitais, tais como “moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social”.
Mas, hoje o Brasil é o 52º de um ranking de 67 países com a cesta básica mais cara, sendo assim, o piso salarial mínimo não cumpre sua obrigação constitucional.
Pois, para ter acesso a alimentação adequada, dentro dos valores nutricionais indicados para um adulto, é necessário desembolsar 38% do salário mínimo.
O que dificulta o pagamento dos demais compromissos considerados vitais.
Para se ter uma noção o valor que era permitido por lei, para comprometer a remuneração em um consignado correspondia a 35%, sob o risco de prejudicar a subsistência.
Apenas, para alimentar um adulto adequadamente o trabalhador já desembolsa mais de um terço do salário.
A cesta básica custa 38% do vencimento
Quem vive no Brasil possui mais dificuldade de manter o básico se compararmos com países como a Grã Bretanha, Irlanda e Porto Rico.
Em Porto Rico, por exemplo, a cesta básica custa 12,8% da remuneração mínima corrente e na Grã Bretanha custa 6,5%.
Para fazer os cálculos foi utilizado o valor do salário liquido pois, cada país possui descontos próprios. Assim, o valor fica mais fidedigno.
A cesta é composta por pão, leite, ovos, arroz, queijo, carne, frutas e legumes em quantidades nutricionais adequadas para um adulto.
O cálculo dos valores foi feito com o salário de janeiro de 2023, antes do aumento de 7,4%, porém com ganho real de 1,4% afinal, a inflação foi de 5,8% em 2022.
O salário e a inflação
Em 2022 houve um avanço na inflação global que teve impacto direto sobre os que recebem uma renda menor.
Ao considerar o vencimento liquido, de países como a Argentina e a Turquia. Países que possuem inflação superior a 80% , a cesta básica encareceu 104,5% e 100% respectivamente.
Porém, no Brasil esse aumento corresponde a 8,9%. Entretanto, já nos valores de janeiro de 2023 a cesta básica custou 12,5% a mais do que no ano passado.
O valor nominal é de R$ 460,77 a mais do que no ano passado para a compra dos mesmo itens.
Sendo assim, o salário mínimo está longe de cumprir a sua função mesmo com o aumento recente. Pois , ele mal cumpre a alimentação de um adulto que dirá de uma família e todas as demais necessidades.