Ahmad Tarabain
Em meio ao avanço tecnológico, o sistema financeiro vive um intenso debate acerca do futuro do dinheiro em papel. Especialistas discutem essa pauta desde a década de 1950, antevendo um futuro em que todas as transações seriam realizadas por meio de cartões de plástico. No entanto, desvendar o verdadeiro destino do dinheiro físico envolve outras variáveis. O Nubank, dentre as instituições bancárias que mais inovam no país, propôs a reflexão: Estamos rumo a um mundo totalmente digital?
No século 21, o Brasil assiste ao advento significativo de plataformas de pagamento digitais, como o Pix, e até a previsão do lançamento de uma moeda digital oficial (o Drex) pelo Banco Central. O acesso à internet também se populariza, permitindo mais transações financeiras sem a necessidade de dinheiro físico ou a ida a uma agência bancária.
O Brasil está preparado para o fim do dinheiro em papel?
Apesar de caminharmos para um cenário de digitalização financeira, é preciso analisar a realidade de forma integral. A pesquisa TIC Domicílios, do Cetic.br, revelou em maio de 2023 que cerca de 36 milhões de brasileiros ainda não possuem acesso à internet – um número que sobe para impressionantes 53,5% em áreas rurais. Para uma parcela significativa da população, o dinheiro físico é uma necessidade, não uma opção.
Ainda assim, a pandemia acelerou a digitalização dos pagamentos no Brasil. O número de compras online com o cartão Nubank, por exemplo, atingiu 45% em abril de 2020, marca prevista apenas para 2023. Além disso, o Pix se tornou o método mais utilizado em 2022, com R$ 24 bilhões em transações. Mas, mesmo com as facilidades dos pagamentos digitais, a necessidade do dinheiro físico se fez presente e sua demanda cresceu durante a pandemia, culminando na introdução da nota de R$ 200 em 2020.
Os benefícios e desafios da digitalização financeira
A transição para um sistema de pagamentos digitais oferece vantagens como a redução dos custos de produção, maior praticidade e eficiência no registro de transações. Contudo, é importante garantir que esse processo seja conduzido de maneira inclusiva, para que nenhuma parcela da sociedade seja excluída do sistema financeiro.
Para a professora de Harvard Shelle Santana, estamos em direção a um mundo com menos dinheiro físico, mas não necessariamente à sua eliminação total. Em julho de 2023, o Nubank, com mais de 85 milhões de clientes nos três países onde atua, é um exemplo de instituição financeira que contribui para esse futuro iminente, sem excluí-lo do dinheiro tradicional. Para a sustentação financeira do Brasil, a coexistência entre os sistemas digitais e físicos talvez seja o caminho mais prudente a seguir.
