Especialistas debatem as diferenças entre os dois países e avaliam riscos de semelhanças econômicas se o Brasil vai se tornar uma Venezuela
A pergunta “O Brasil pode acabar como a Venezuela” surge sempre ou “Brasil vai se tornar uma Venezuela”?
Esse ceticismo aumentou durante a eleição mais recente, quando surgiu um debate ideologicamente carregado sobre o Palácio do Planalto.
Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, apoiadores do candidato de direita Jair Bolsonaro (PL) argumentaram que o Brasil caminharia em direção ao caos econômico, que está registrado na Venezuela.
Usuários de redes sociais frequentemente repetiam esse discurso, o que os levou a incorporar a história.
Qual a diferença entre Brasil e Venezuela na questão econômica?
É crucial primeiro distinguir entre as situações das duas nações. As exportações, particularmente por meio de atividades de exploração e refino de petróleo, compõem a maior parte da economia da Venezuela.
O Brasil, por outro lado, tem uma produção agrícola vasta e diversificada em todo o país, com o setor terciário, ou seja, serviços, dominando sua atividade econômica.
O Brasil é muito mais diversificado, não depende apenas de uma agenda de exportação e tem um mercado interno robusto, de acordo com Nadja Heiderich.
A queda “nos preços dos recursos naturais, a hiperinflação e o racionamento de recursos” fizeram com que a Venezuela passasse por uma grave e crescente crise econômica, social e política por mais de dez anos, de acordo com Eduardo Fayet, professor de relações institucionais e governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília (FPMB).
Ele alegou que os Estados Unidos “sempre procuravam petróleo e a Venezuela não permitiu que isso acontecesse” quando tentaram intervir militarmente na Venezuela no passado, assim como fizeram no Iraque, Líbia, Síria e Egito.
A Venezuela já teve uma grande economia?
A Venezuela já era considerada uma nação de grande importância global antes de se tornar uma economia em grave crise.
Como a Venezuela era considerada líder global na exportação de petróleo e tinha uma das maiores reservas de petróleo do mundo atualmente, perdendo apenas para a Arábia Saudita.
Fayet observa que a economia venezuelana era mais forte do que a brasileira, particularmente entre as décadas de 1930 e 1970.
A economia da Venezuela, de acordo com Rifan, “era muito forte e desenvolvida” no início dos anos 2000, muito antes do boicote, porque era uma das principais nações exportadoras de petróleo.
O especialista afirma que atualmente não tem fundos para comprar e negociar mercadorias para realizar negócios no exterior.
Atualmente, diz o especialista, está sem dinheiro para comprar e negociar produtos, para transacionar internacionalmente.
Afinal, o Brasil vai acabar como a Venezuela?
Fayet enfatiza que, considerando tudo isso, “não faz sentido” que o Brasil alcance sua nação vizinha porque ambas têm histórias, características e contextos históricos muito diferentes.
O especialista afirma que atualmente não tem fundos para comprar e negociar mercadorias para realizar negócios no exterior.
O Brasil ainda é uma grande potência econômica com crescimento constante, enquanto a Venezuela enfrenta uma crise econômica há anos.
O Brasil tem instituições fortes e processos democráticos, enquanto a Venezuela tem um histórico de corrupção governamental e eleições fraudulentas.
Além disso, o Brasil tem uma grande economia diversificada e uma população educada que garantirá seu sucesso contínuo.
Esses fatores decisivos tornam altamente improvável que o país acabe como a Venezuela.