Vanessa Ramos
O governo encabeçado pelo ex-presidente Lula está ainda indeciso acerca da viabilidade de reintroduzir o horário de verão no Brasil em 2023, mesmo após ter conduzido estudos e realizado uma enquete no Twitter antes da posse do presidente.
O Ministério de Minas e Energia está atualmente em discussões sobre a possibilidade de trazer de volta o horário de verão ainda este ano, devido a pedidos de empresários.
Qual o destino do horário de verão?
Em uma entrevista ao UOL, o ministério dirigido pelo ex-presidente Lula mencionou que está analisando com cuidado todas as opções ligadas à adoção ou abstenção do horário de verão, mostrando uma abordagem cautelosa. No entanto, uma data específica para a divulgação de uma resposta definitiva não foi citada.
A decisão será tomada após a conclusão destas análises, também por meio de diálogos com entidades associadas e agentes do setor. Tendo em vista a segurança energética e a qualidade dos serviços prestados à população. Ministério de Minas e Energia, em comunicado.
O governo salienta que, devido ao notável crescimento da micro e minigeração distribuída, houve uma mudança do pico de demanda para o período noturno. O qual poderia ser atenuado com a implementação dessa medida. Contudo, tudo depende de estudos e das condições energéticas do Sistema Interligado Nacional.
Um estudo conduzido no ano passado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) indicou que reintroduzir o horário de verão não traria benefícios substanciais para a operação do sistema elétrico.
Quem instituiu o horário de verão?
O horário de verão foi inicialmente estabelecido no Brasil em 1931 pelo então presidente Getúlio Vargas. Com o intuito de aproveitar ao máximo a luz solar durante os meses mais quentes do ano. Após ser interrompido em 1967, o horário de verão foi reintroduzido na década de 1980 devido a problemas na geração de energia pelas hidrelétricas.
Anteriormente, esse horário não seguia um padrão fixo, variando em duração e data a cada ano. Somente em 2008, durante o governo Lula, foi estabelecido como uma medida permanente. Entretanto, devido às mudanças nos hábitos dos consumidores e aos avanços tecnológicos, a relevância da economia de energia diminuiu ao longo dos anos.
O horário de verão não é uma concepção exclusiva do Brasil, sendo adotado por diversos países e regiões ao redor do mundo. A ideia foi proposta pelo político e cientista norte-americano Benjamin Franklin em 1784, mas apenas foi posta em prática no início do século 20, durante a Primeira Guerra Mundial, pela Alemanha. Sobretudo, que buscava preservar o carvão mineral devido às dificuldades do conflito e aos gastos militares.
A economia de energia justifica a mudança?
Em 2019, durante a administração de Jair Bolsonaro (PL), o horário de verão foi abolido após a constatação de que não estava tendo um impacto substancial na redução do consumo de energia. Por essa razão, Lula promoveu uma enquete no Twitter em novembro de 2022, após sua vitória nas eleições, a qual registrou mais de 2 milhões de interações. Naquela época, a reintrodução da medida obteve apoio, com 66,8% dos seguidores do perfil do petista.
Em resumo, a questão de se a economia de energia justifica ou não o horário de verão é intrincada e depende de vários fatores. Ou seja, ainda que o principal propósito do horário de verão seja reduzir o consumo de eletricidade, inúmeros estudos demonstram resultados inconsistentes.
Deste modo, enquanto alguns sustentam que os ganhos são notáveis, outros sugerem que os impactos são mínimos. Por conseguinte, a resposta definitiva para esta pergunta pode variar de acordo com a realidade de cada nação e região.
