Vanessa Ramos
O Novo Ensino Médio tem sido alvo de muita polêmica no Brasil. Esse modelo de ensino, que oferece uma maior flexibilidade curricular e itinerários formativos. Difere do currículo adotado em países desenvolvidos, segundo um estudo da Universidade de Stanford. Especialistas em educação e organizações estudantis têm criticado o Novo Ensino Médio, alegando que sua implementação foi feita sem consulta adequada aos professores, alunos e demais representantes da comunidade acadêmica.
Ensino Médio e suas diferenças em outros países
O estudo da Universidade de Stanford mostra que os países com melhores desempenhos em avaliações internacionais e menores índices de abandono escolar. Sobretudo, têm uma quantidade menor de flexibilidade curricular em seus sistemas educacionais. Essa abordagem difere do Novo Ensino Médio brasileiro, que visa oferecer maior “possibilidade de escolha” aos estudantes.
Além disso, o estudo destaca que os países mais desenvolvidos incentivam os estudantes a cursar o Ensino Profissional e Tecnológico em conjunto com o Ensino Médio. O que ainda não é comum no Brasil. Enquanto apenas 10% dos estudantes brasileiros optam por essa modalidade, na Finlândia essa porcentagem é de 68% e na Alemanha é de 49%.
Ensino Técnico
De acordo com o economista Guilherme Lichand, um dos autores do estudo, a promoção do Ensino Técnico pode ser uma maneira interessante para o Brasil aumentar sua produtividade. E sobretudo, reduzir as desigualdades no mercado de trabalho. Ele destaca que a combinação do Ensino Técnico com o Ensino Médio oferece aos alunos a possibilidade de ingressar no mercado de trabalho logo após a conclusão dos estudos.
O estudo também revela que, entre os jovens que cursam Ensino Médio e Ensino Técnico, os segmentos profissionais mais visados são comunicação, administração, turismo, ciência de dados, programação e tecnologia em geral.
Currículo em outros países
Em comparação com outros países, o currículo do Novo Ensino Médio no Brasil ainda possui uma proporção maior de disciplinas acadêmicas em relação às matérias profissionais e tecnológicas. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Itaú Educação e Trabalho em parceria com o Instituto Reúna. No entanto, é importante mencionar que essa análise se baseou apenas nos currículos de 11 estados.
Nos países mais desenvolvidos, como Finlândia, Portugal, Austrália e Alemanha, o currículo do Ensino Médio geralmente oferece dois ou três caminhos possíveis para os estudantes, com opções acadêmicas e técnicas. Na Alemanha, por exemplo, a forma como cada aluno cursa o Ensino Médio determina-se por avaliações feitas pelos professores quando os estudantes completam 10 anos de idade.
Data da mudança
A consulta pública em andamento promovida pelo Governo Federal busca obter uma visão mais abrangente da percepção da população em relação ao Novo Ensino Médio. Com base nos resultados dessa pesquisa, espera-se que sejam feitas melhorias no modelo de educação. Diversas sugestões foram apresentadas ao Ministério da Educação por organizações como o Todos Pela Educação. Incluindo a adoção de um núcleo comum de conhecimentos e habilidades para cada itinerário educativo.
Há diferentes opiniões sobre o Novo Ensino Médio. Alguns defendem sua revogação, argumentando que os estudantes só deveriam ter a opção de escolher matérias eletivas a partir do terceiro ano do Ensino Médio. Enquanto outros acreditam que a relação mais sistemática com o ensino profissional e técnico é fundamental para manter os alunos na escola e promover a alta proficiência.
