Vanessa Ramos
No domingo, 5 de novembro, ocorreu a aplicação da primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2023. O exame consistiu em 90 questões de múltipla escolha, juntamente com a redação. No entanto, uma das perguntas gerou uma grande controvérsia, abordando a “lógica do agronegócio” no Cerrado e tratando de forma negativa a “propriedade privada”. De acordo com a questão, “o modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado”. Saiba mais a seguir.
Polêmica no 1º dia do ENEM 2023
A pergunta polêmica sobre o agronegócio estava na questão número 89 do caderno de questões de capa branca. Os itens da questão eram os mesmos para todos os candidatos, mas a ordem variava de acordo com a cor da prova. De acordo com o gabarito extraoficial divulgado por veículos de mídia, como o G1, a resposta correta seria a alternativa “A”.
Alguns veículos de comunicação, como o Poder360, buscaram um posicionamento do Governo Federal sobre a questão ao entrar em contato com a assessoria de imprensa do Inep, órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC) responsável pelo ENEM, mas não obtiveram resposta até a publicação desta reportagem.
A questão gerou debates nas redes sociais, com algumas pessoas expressando sua opinião sobre o assunto.
Importância do Agronegócio no Brasil
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o agronegócio pode representar mais de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, dependendo do trimestre. No acumulado de 2022, o setor teve uma participação de 6,81% no PIB.
Além disso, o agronegócio desempenha um papel crucial nas exportações do Brasil e no saldo da balança comercial. De janeiro a outubro, o setor vendeu US$ 70,3 bilhões ao exterior, registrando um crescimento de 7,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. Isso equivale a 24,9% de todas as exportações brasileiras.
Manifestações de Parlamentares
Vários parlamentares usaram as redes sociais para se manifestar sobre o ENEM. O Deputado Federal Zucco (Republicanos-RS) afirmou que a prova incita “ódio ao agronegócio” e disse que irá apresentar um pedido de convocação dos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.
“O uso da máquina pública para fins ideológicos precisa ser explicado e exige retratação”, afirmou o parlamentar.
O Deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) também afirmou que a prova do ENEM ataca de forma covarde “o setor que põe comida no prato do brasileiro”.
“Qual a intenção daqueles que elaboraram uma questão tão leviana? Usar a educação para ‘impor mentiras’ e ainda desrespeitar o agro. Um absurdo!”, declarou Nogueira.
Além desses, o Deputado Federal Tião Medeiros (PP-PR) afirmou que as questões contestadas são “enviesadas” e devem ser anuladas.
“Enquanto nós batalhamos dia a dia para construir uma imagem positiva do agronegócio, como pilar da economia, formador de mão-de-obra, gerador de renda, vem o ENEM e nos joga contra a juventude do País. Um verdadeiro absurdo”, destacou Tião Medeiros.
