Samuel
O Brasil terá mais um aumento significativo no salário mínimo? Alguns analistas geraram dúvidas em relação à recente medida adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para reajustar o salário mínimo. No Dia do Trabalhador, em 1º de maio, eles fizeram o anúncio do aumento. No entanto, especialistas argumentam que o novo valor ainda não é suficiente, considerando a política de valorização salarial seguida até 2020.
Política de valorização do salário mínimo
De acordo com estimativas, se tivesse sido mantida a política de valorização do salário mínimo entre 2020 e 2022, levando em conta a inflação e a variação do Produto Interno Bruto (PIB), o mesmo seria de R$ 1.410. Essa quantia representa uma diferença de 7% em relação ao atual piso salarial de R$ 1.320. O pesquisador Daniel Duque, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destaca que essa diferença de R$ 90 não é insignificante para os trabalhadores de baixa renda. Com esse valor adicional, eles poderiam, por exemplo, adquirir um botijão de gás de cozinha em São Paulo, cujo preço médio atual é de R$ 108,90, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
No entanto, o governo de Jair Bolsonaro abandonou a política de valorização salarial que levava em conta o aumento da inflação. O governo ajustou o salário mínimo apenas com base na inflação. Em 2020, o governo decidiu que um reajuste que considerasse a variação do PIB e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) causaria um grande impacto nas contas públicas.
O último aumento real no salário mínimo ocorreu em 2019, quando o salário mínimo passou de R$ 954 para R$ 998. Essa quantia foi R$ 8 menor do que a proposta inicial do governo de Michel Temer (MDB). Sob o governo Bolsonaro, somente em 2023 o piso salarial superou a inflação, chegando a R$ 1.302.
Novo método de reajuste
Embora alguns economistas considerem o método proposto por Lula para reajustar o salário mínimo não o mais eficaz, existem diferentes perspectivas. Daniel Duque argumenta que incluir o PIB no seu cálculo do não é a abordagem ideal. Por outro lado, o economista Tiago Sbardelotto defende que o aumento do salário mínimo deveria ser baseado na produtividade. Sbardelotto explica que um aumento acima da produtividade impõe um custo adicional às empresas. Esse aumento tem a tendência de se repassar para a economia como um todo.
Assim, o governo de Lula planeja ajustar o salário mínimo no próximo ano com base no INPC acumulado de novembro de 2022 a novembro de 2023. O governo levará em consideração também o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa proposta contrasta com a abordagem anterior, que considerava apenas a inflação para o ajuste do salário mínimo.
Por fim, segundo representantes do governo, a intenção por trás dessa nova política é garantir que os trabalhadores de baixa renda possam recuperar seu poder de compra, combatendo a desigualdade de renda em um momento de aumento do custo de vida. No entanto, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo atual não é suficiente para suprir as necessidades básicas de uma família brasileira. O Dieese realiza uma pesquisa mensal comparando a taxa de inflação vigente no país com os salários dos trabalhadores.
