Vanessa Ramos
Não é uma novidade para ninguém que os trabalhadores no Brasil não recebem uma compensação adequada por seu labor. De maneira geral, eles ganham um salário modesto, ao mesmo tempo em que enfrentam elevadas obrigações fiscais. Além disso, os custos dos produtos essenciais estão em constante elevação. A disparidade de renda é o principal elemento que alimenta a discrepância social no país. Uma pesquisa ilustra a renda de uma grande parcela dos cidadãos brasileiros.
Segundo informações provenientes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), até R$ 3.500 é o rendimento para 90% dos trabalhadores no Brasil. É importante ressaltar que 70% da força laboral do país recebe um valor equivalente a, no máximo, dois salários mínimos. Em outras palavras, a maior parte da população vive com recursos escassos ao longo do mês, mesmo que o Governo tenha reajustado o valor do salário mínimo duas vezes em 2023.
Discrepância social
Evidências apontam que a compensação aos trabalhadores brasileiros é insuficiente. Antes de tudo, é fundamental destacar que esses dados derivam de um estudo do IBGE realizado em 2019. Desde então, muitas circunstâncias se alteraram. Conforme especialistas, a pandemia de Covid-19 intensificou ainda mais a disparidade social. Afinal, numerosos trabalhadores no Brasil viram suas fontes de renda desaparecerem. A verdade é que a pobreza tem sido uma constante na história do país.
O levantamento do IBGE assinala que 90% dos trabalhadores no Brasil ganham até R$ 3,4 mil. Enquanto isso, 70% recebem um montante correspondente a até dois salários mínimos. No último domingo (6 de agosto), um post que apresentava esses dados viralizou no Twitter, reacendendo o debate sobre a desigualdade de renda.
Um dado ainda mais preocupante veio à tona em 2021 pelo World Inequality Lab (Laboratório das Desigualdades Mundiais) da Escola de Economia de Paris. Apenas 1% da camada mais abastada da população detém praticamente 60% de toda a renda nacional. O mesmo estudo aponta que os 50% mais desfavorecidos auferem 29 vezes menos renda que os 10% mais ricos. A metade economicamente desfavorecida tem acesso a somente 1% da riqueza total do Brasil.
Para historiadores, a concentração de renda no Brasil é uma característica histórica que se perpetua através das gerações. Os trabalhadores no Brasil são os mais afetados, uma vez que recebem remunerações muito aquém do necessário. O estudo de Paris também revelou que no início dos anos 2000, o Brasil começou a reduzir os níveis de desigualdade social pela primeira vez em sua história. O laboratório creditou esse progresso à implementação de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
Saiba qual é o salário mínimo considerado adequado no Brasil
Na atualidade, os trabalhadores no Brasil que recebem o salário mínimo nacional podem contar com um pagamento de R$ 1320 por mês. No entanto, o salário mínimo considerado ideal é de R$ 6,5 mil em agosto de 2023. Esse dado é fornecido pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que mensalmente divulga o montante necessário para que as famílias brasileiras vivam com conforto.
Na pesquisa de agosto de 2023, a entidade revelou que os cidadãos brasileiros deveriam receber aproximadamente 4,2 vezes mais do que estão ganhando atualmente para terem acesso aos serviços básicos.
