A sugestão feita por Lula, ao discursar no Novo Banco de Desenvolvimento, de que os países emergentes deveriam utilizar suas próprias moedas em transações comerciais, trouxe à tona a importância do Brasil em uma disputa hegemônica que se estende por todo o século XXI.
Ao firmar dezenas de acordos com a China durante o encontro presidencial entre Lula e Xi Jinping, o Brasil coloca-se como parte de um circuito relevante na competição comercial no contexto da revolução industrial 4.0 e da dominância internacional do dólar.
Com projetos como o Belt and Road Initiative e o “Made in China 2025”, a China tem se mostrado uma forte concorrente em matéria de tecnologia e inovação, o que tem gerado incômodo constante para os Estados Unidos.
A recente política de Biden sobre os chips chineses, considerada uma das mais ousadas de todos os tempos quando o assunto é a contenção da China, é prova disso.
Nesse cenário, o relacionamento sino-brasileiro torna-se cada vez mais importante, uma vez que a cooperação industrial e em infraestrutura, serviços, tecnologia da informação e telecomunicações, além de cooperação espacial, ganham destaque.
Lula pode estar afastando norte-americanos
Lula, ao flertar com áreas estratégicas que incomodam os norte-americanos, afasta-se do comércio de produtos de baixo valor agregado e aproxima-se de uma relação mais ampla e estratégica com a China.
Utilizar as próprias moedas em transações comerciais pode ser uma forma de reduzir a dependência do dólar e, consequentemente, dos Estados Unidos.
Essa medida, proposta por Lula, pode trazer benefícios tanto para os países emergentes quanto para a China, que busca expandir sua influência global e diminuir a dependência do dólar em suas transações comerciais.
No entanto, é preciso lembrar que essa medida não é isenta de riscos. A utilização de moedas nacionais pode gerar volatilidade cambial e aumentar a incerteza nas transações comerciais.
Além disso, é importante lembrar que o dólar ainda é a moeda mais utilizada no comércio internacional e que sua dominância não deve ser subestimada.
Por isso, é necessário que os países emergentes, como o Brasil, sejam cuidadosos ao adotar essa medida.
É preciso que haja uma estratégia clara e bem planejada de Lula para a utilização das moedas nacionais em transações comerciais, levando em conta os riscos e os benefícios envolvidos.
O relacionamento sino-brasileiro pode ser um exemplo para outros países emergentes que buscam reduzir sua dependência do dólar.
Aliás, ao flertar com áreas estratégicas que incomodam os norte-americanos, o Brasil coloca-se como parte de um circuito relevante na disputa hegemônica deste século.
É preciso, no entanto, que haja cautela e planejamento de Lula para que essa medida traga benefícios para todos os envolvidos.